Cine Pipoca debate preconceito racial na sociedade
Exibição do filme "Estrelas além do tempo" abre espaço para discussão sobre questões da contemporaneidade
O projeto Cine Pipoca teve mais uma sessão na quarta-feira (14), com o debate entre alunos de História da UNAMA - Universidade da Amazônia sobre o preconceito racial na sociedade contemporânea. Exibido na livraria FOX, em Belém, o filme escolhido foi “Estrelas além do tempo”, que relatou a vida de três mulheres negras que trabalham para a NASA, a agência especial americana, e os preconceitos sofrido no ambiente de trabalho.
O professor de História Diego Pereira falou sobre a importância do debate para os alunos. “A importância fundamental desse tipo de atividade é que nós consigamos perceber que a sociedade em que a gente vive ainda preserva alguns elementos de exclusão em relação aos negros. Por exemplo, a questão das cotas em universidades públicas. Eu prefiro entender que é um problema contemporâneo, quando percebemos que existem diferenças dentro das escolas particulares, dos concursos públicos, e que existe uma presença maior dos brancos, e o problema está no presente e não no passado. Quando entendemos esses processos, passamos a ter uma dimensão melhor e consciência maior do modo que vivemos”, afirmou o professor.
O filme “Estrela além do tempo” proporcionou um debate para o tema abordado, sobre a vida de mulheres negras que trabalham em um ambiente predominantemente dominado por brancos na década de 60. “O filme foi escolhido porque trata de três personagens, mulheres negras, na década de 60. Tem todo um debate sobre a segregação racial, o chamado pan-africanismo. As três mulheres têm um esforço muito grande em conseguir resistir a esse processo, de uma certa visão de prisão, que existe em relação a sua cor. Hoje elas são reconhecidas, mulheres que ganharam uma notoriedade muito grande, na NASA, e lutaram muito”, relatou o professor Diego.
Claudyr Cartagenes, 23 anos, aluno de História da Unama, disse que seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) abordará o racismo brasileiro e dos Estados Unidos, e a questão das cotas na Universidade Federal do Pará (UFPA). “Eu sou estudante negro de Belém, quero contribuir através do meu trabalho, falando sobre as cotas na UFPA, e no que ela está interferindo no movimento negro em Belém e a historiografia da capital paraense e do Brasil”, disse o aluno.
Para Cristina Lopes, aluna do 4º semestre de História, a cor da pele influencia no meio social. ”Vivemos em um país em que a cor da sua pele influencia na sua carreira, ao sair na rua, como as pessoas te tratam. Esse debate serve para mostrar que dentro da sociedade o branco também tem uma importância nesse processo que é justamente desconstruir essa ideia do racismo e do preconceito. Todos nós temos uma causa, uma luta que vale a pena, que são a igualdade e a equidade”, assinalou.
Luciana Batista, professora de História da UNAMA, destacou que o projeto Cine Pipoca é um programa social.”A ideia do Cine Pipoca é justamente pegar filmes, especialmente baseados em HQ (histórias em quadrinho). Como 'Mulher maravilha', que trabalha as questões de gênero e a importância da mulher, entre outros. Que tragam diversão e possibilite ao aluno pensar a sociedade em que eles vivem. E formar ações no sentido de construir uma sociedade com menos desigualdade social e mais igualdade de gênero”, afirmou a professora.
O projeto ocorre semestralmente. Desde agosto tem uma parceria com a livraria FOX. As sessões são na livraria e no auditório David Mufarrej, na UNAMA Alcindo Cacela.
Por Suellen Cristo. (Com apoio de Sandy Brito).