Amor, riso e alegria temperam festival de teatro Encena
Apresentação de grupos de artistas no anfiteatro da praça da República, em Belém, empolga a plateia
Famílias, crianças e artistas se reuniram no anfiteatro da Praça da República, centro de Belém, para dividir uma paixão: o teatro. A programação foi o I Encena Festival, que ocorreu de 21 a 25 de agosto. Com o tema Teatro de Rua, o Encena levou para o público, de forma gratuita, os encantos e a beleza da arte de representar.
Encenar é uma paixão para os envolvidos no espetáculo. Leonel Ferreira, coordenador do evento, conta como começou sua vida no teatro. “Comecei a fazer teatro aos 9 anos de idade, no grupo de escoteiros, mas levou tempo para me dedicar a isso. Aos 23 anos procurei um lugar para fazer teatro de forma sistematizada, na Fundação Curro Velho, na escola de teatro e depois construir um grupo com o que gostava de fazer: ajudar as pessoas”, conta o artista, que entrou para a Companhia de Teatro de Atores Contemporâneos em 1998 e também é formado em Ciências Sociais.
No festival foram reunidos oito grupos teatrais, entre eles a Cia de Teatro Madalenas e o grupo dos Palhaços Trovadores. “Estamos completando 20 anos de atividades em novembro e sempre ocupamos praças e logradouros da cidade, mas a falta de investimentos do governo em politicas públicas e de incentivos à fruição artística e arte popular está fazendo, cada vez mais, nos afastarmos das ruas”, diz a artista Cleice Maciel, dos Palhaços Trovadores. “Quando falo de investimento estou falando, inclusive, das manutenções dos anfiteatros, que atualmente oneram em taxa os grupos artísticos que solicitam o espaço para se apresentarem. O governo devia estimular com investimentos os grupos a fim de fomentar a produção cultural.”
Para Cleice, os Palhaços Trovadores sentiram-se fortalecidos e estimulados com o festival. “Fazia tempo que a cidade não respirava a arte de forma tão intensa. Essa energia atraiu um público maravilhoso e com sede de teatro. Foi energizante para todos os envolvidos”, detalhou a artista.
A artista Adriana Cruz, que faz parte do grupo teatral In Bust Teatro com Bonecos, formado em 1996, conta que quando decidiu trabalhar e viver de teatro, sua profissão, resolveu investir em lugares mais alternativos, onde o público estivesse, acreditando na formação de plateias. “A arte das cenas, assim com as outras artes, é uma necessidade de expressão humana, dialógica, de convívio e afeto. A gente sempre foi atrás de estar nas ruas, nas praças, em lugares públicos”, conta a artista.
Mas a Adriana destaca que essa arte precisa ser mais valorizada. “O poder público não acolhe a nossa presença e a nossa profissão como deveria, entendendo ela como uma necessidade de toda a população e na formação da comunidade”, declara a atriz, que faz a personagem Jandira, na peça "Fio de Pão", do festival.
Para os artistas, o festival alcançou o objetivo desejado. “Fomos muito felizes no festival, visto a abrangência do público, dos comentários que o público tem feito nas redes sociais e a quantidade de pessoas presentes na praça, numa noite de quinta e sexta-feira. O que se vê normalmente na praça são pessoas passando com muita pressa e medo de serem assaltadas e agredidas. A gente acaba por transformar o lugar colocando ele em outra dimensão, em outra esfera. Isso para nós é importantíssimo”, conclui Adriana.
O evento agradou ao público que esteve presente. “Estive nas três noites de evento e foram três noites de plateia cheia, qualidade cênica, que revela inclusive o tempo de dedicação dos grupos e a maturidade do teatro de rua belenense”, disse Kleyton Silva (34), fotógrafo.
Quanto à falta de incentivo e investimento citado pelos artistas, a assessoria da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) informouo seguinte: "A Secult dispõe de vários espaços para manifestações artística que incluem o Teatro da Paz, o Teatro Experimental Waldemar Henrique, O Teatro Maria Silvia Nunes, o Teatro Estação Gasômetro, espaço multiuso na Igreja de Santo Alexandre para representações artísticas de toda ordem, o Anfiteatro do conjunto arquitetônico Feliz Luzitânia, no Parque da Residência e no São José Liberto, todos com pautas ao longo do ano. Este ano estão passando por restauração completa o espaço da Feliz Luzitânia e do Parque da Residência. No final de setembro, será inaugurado um teatro em Bragança, num prédio completamente restaurado, com exceção dos espaços em restauração, todos os outros estão ativos e em uso".
Por Rosiane Rodrigues.