Música romântica, aquela que conta histórias de todos nós
Cantores e apreciadores desse estilo musical contam por que o gênero faz tanto sucesso
Amor. Esse sentimento que move as pessoas, de todas as idades, sobretudo aquelas com o dom de criar, como escritores, poetas, cineastas e compositores. Muitos são aqueles que não vivem sem o amor, porém, a música (essa com certeza) talvez seja a que mais bebe dessa fonte e a escoa de maneira lírica e tocante.
O romantismo na música é item imprescindível e superestimado, tendo o poder de atravessar gerações e superar, até, os hits de maior apelo midiático aos moldes das 'novinhas rebolativas' da atualidade. O LeiaJá conversou com cantores e apreciadores da música romântica para descobrir de onde vem a força desse gênero.
A cantora Edilza Aires, uma das vozes mais poderosas da música pernambucana, acredita que o segredo da música romântica é a identificação: "Uma boa letra, uma boa melodia, te trazem para a realidade da vida, por mais que as pessoas se distanciem". Edilza acredita que poder se ver, e ver 'sua história' traduzida na letra de uma canção é como ir "ao encontro de sua verdade”. "A gente sempre vai amar e ser amado, isso nunca vai deixar de ser falado em versos, prosas e canções", assegura.
Edilza é uma das atrações da 24ª edição do Festival Nacional da Seresta, realizado anualmente na cidade do Recife. O evento reúne apaixonados pela música romântica e os artistas que fazem dela sua ferramenta de trabalho. O show da pernambucana será uma homenagem às cantoras Angela Maria e Dalva de Oliveira: "Esse repertório está cheio de músicas românticas, os sucessos da época delas", promete. Edilza sobe ao palco, montado na Praça do Arsenal, no Bairro do Recife, no sábado (12), às 20h.
Outro grande nome do romantismo, presença certa na 'Seresta', como é chamado o festival, é o cantor Adilson Ramos. Ele é mais um defensor da música romântica e compartilha com Edilza a explicação do fascínio que ela exerce sobre o público: "As pessoas que amam encontram, em cada uma das canções, algum fato que aconteceu na sua história de amor. Então, a canção retrata, muitas vezes, aquilo que a pessoa vive na sua vida real. Ela vai direto ao coração".
Adilson também garante que esse poder de identificação alcança pessoas de todas as idades. E ele tem o aval de 58 anos de carreira para afirmá-lo: "No meu último show, tinha uma senhora de 99 anos. Ela chorava, completamente lúcida, me abraçava, falava das músicas que gostava, música por música. A família dela toda estava lá, a filha, neta e até bisneta. Não é fácil atravessar gerações. É lindo", relembrou emocionado.
Para o cantor, não há dúvida: "A música romântica não morre e não morrerá nunca. Adilson sobe ao palco do Festival da Seresta na sexta (11), com um show repleto de grandes sucessos como 'Olga', 'Lêda' e 'Sonhar Contigo', entre outras. Certamente, o "cantor das famílias" receberá muitas delas nesta noite.
Direto ao coração
E é no Festival Nacional da Seresta que muitos apaixonados pela música romântica se encontram, todos os anos, para dançar e curtir canções que tocam em cheio seus corações. O ex-casal, “agora amigos, com muito amor”, Adeilza Maria de Moura, de 65 anos, e Agenor Barbosa de Lima, de 73, ambos aposentados, curtem o evento dançando bem ‘coladinhos’, coisa que fazem desde que se conheceram, nas aulas de dança. Os dois adoram boleros e Agenor explica porque gostam tanto de músicas românticas: “Toca meu coração; deixa o meu coração, que é humilde, muito feliz. E eu dedico todas as músicas a ela”, disse aproveitando para se declarar à ex-namorada.
Também fã do Festival, Elza Teixeira foi mais uma a concordar que o romantismo é algo inerente a todos. Ela se identifica com “várias músicas” românticas, e é nelas que recorre para reviver bons momentos: “Eu gosto porque me lembro dos amores antigos.”, diz com sorriso nos olhos.