Três meninas muçulmanas estão se fazendo ouvir, ao redor do mundo, através do seu rock pesado. Contrariando as expectativas de uma sociedade extremamente conservadora, a da Indonésia, Fridda Kurnia, Eudi Siti Isyah e Widi Rahmawati vêm chamando atenção ao subirem aos palcos trajando seu hijab (traje que cobre os cabelos das mulheres) e tocando seus instrumentos na banda Voice of Baceprot (VOB).
A vocalista Fridda, a baterista Euis, e a baixista Widi, de 17 e 16 anos, respectivamente, se conheceram na escola islâmica de Singajaya, na província de Java ocidental, e começaram a banda em 2014. Para elas, o heavy metal é uma forma de se expressarem e seu objetivo é mostrar "o outro lado do metal". A VOB tem referências em bandas como Rage Against the Machine, Slipknot e System of a Down, entre outras, e toca, em seus shows, covers e algumas músicas próprias, como a The Enemy of Earth.
Em entrevista ao jornal The Guardian, Fridda contou que eventualmente ela, e suas companheiras de banda, sofrem ameaças dos mais tradicionalistas, mas que elas esperam superar os impeditivos, lançar discos e excursionar pelo mundo. "O Metal é apenas um estilo de música. O problema é que geralmente ele é associado com coisas ruins, mas ele não precisa ser. O que queremos mesmo é mostrar para as garotas jovens da Indonésia que vocês não precisam ter medo de ser diferente, não precisam ter medo de gritar sua independência", disse.
Mas, apesar das dificuldades, a música da Voice of Baceprot vem ganhando espaço. Em agosto de 2017, a banda tocou para um grande público durante a celebração do 72º aniversário da independência da Indonésia. Elas também já ganharam vários prêmios e fizeram diversas aparições na televisão. Não à toa, elas são filhas de um país onde a cultura do heavy metal é bastante arraigada e até o presidente da nação, Joko Widodo, é fã declarado do Metallica.
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