Bono, antigo defensor de Suu Kyi, pede sua renúncia
O cantor do U2, Bono, destacado defensor da presidente birmanesa Aung San Suu Kyi quando ela estava em prisão domiciliar, pediu sua renúncia devido à campanha violenta contra os muçulmanos rohingya.
O artista, que defendeu Suu Kyi na música "Walk On", e incentivava seus fãs a usar máscaras da então líder da oposição birmanesa quando tocava a música ao vivo, disse ter sentido náuseas pelas imagens do derramamento de sangue e a crise dos refugiados rohingyas.
"Realmente me senti enfermo, porque não pude acreditar o que revelam as evidências. Mas há uma limpeza étnica", afirmou em uma entrevista publicada no último número da revista Rolling Stones.
"Isso está acontecendo de verdade, e ela tem que demitir porque sabe o que está acontecendo", assegurou Bono na entrevista realizada pelo fundador da Rolling Stone, Jann Wenner.
"Ela deveria, pelo menos, falar mais. E se a gente não a escuta, então que renuncie", afirmou.
A ONU e os Estados Unidos também classificaram de "limpeza étnica" a campanha de Mianmar contra os muçulmanos rohingyas.
O Médicos sem Fronteiras informou que pelo menos 6.700 rohingyas foram assassinados no primeiro mês de perseguição nas aldeias em respostas aos ataques dos rebeldes. Outros 655.000 membros da minoria muçulmana fugiram para Bangladesh.
Suu Kyi, Nobel da Paz de 1991, teve amplo apoio das celebridades durante as quase duas décadas em que esteve sob prisão domiciliar ordenada pela junta militar de Mianmar.
Alguns especialistas acreditam que a decisão de Suu Kyi de não se pronunciar sobre o assunto é uma decisão calculada, pelo fato de os rohingyas serão despreciados pela maioria budista birmanesa e por ela não ter o controle sobre o exército.
Bono considerou que as possíveis razões da atitude de Suu Kyi se devem à possibilidade de ela "não querer que o país volte às mãos dos militares".