Bolsistas cobram pagamento ao Governo de Pernambuco
Segundo os trabalhadores que participaram do projeto 'A Gente da Palavra', o Governo não efetuou o pagamento dos últimos cinco meses
Insatisfação e decepção. Essas são algumas das palavras que definem o sentimento dos profissionais que atuaram no projeto ‘A Gente da Palavra’ - trabalho que incentiva leitura em comunidades -, iniciativa vinculada à Secretaria de Cultura e à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Segundo os bolsistas, o Governo não efetuou o pagamento dos últimos cinco meses do trabalho prestado.
De acordo com petição divulgada na internet, os profissionais afirmam que o preparatório iniciou em setembro de 2016, e logo no primeiro mês, já houve atraso no pagamento da bolsa, que só foi paga no final de novembro. Após a preparação da equipe selecionada, o projeto foi lançado em dezembro já com pendências de pagamento e, mesmo assim, os bolsistas continuaram na ação.
Desde então, os trabalhadores relatam que não receberam o pagamento, que teria sido prometido para ser liquidado em janeiro deste ano. Segundo os integrantes do projeto, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março são os meses pendentes. Em desabado, uma das participantes do projeto, Sandra Penha, relatou que "infelizmente" passou por uma trajetória de mentiras, durante a seletiva, aprovação e atuação do trabalho.
“No primeiro mês, começamos indo uma vez por semana, mesmo com as dificuldades e sem dinheiro para pagar as passagens, mas acreditávamos que logo sairia o dinheiro e, assim, concluímos a preparação que eles intitulam de ‘formação e capacitação’. Durante os dois primeiros meses, questionamos sobre os pagamentos, mas sempre nos davam informação sem sentido”, lembrou Sandra.
Em relação aos atrasos e às cobranças, a bolsista revelou que muitas vezes o grupo foi tratado com indiferença. “Quando começamos a questionar os pagamentos éramos os errados e em uma de nossas cobranças nos informaram que não tínhamos nenhum direito de questionar, pois era igual à bolsa família”, falou Sandra, que ainda interpelou: “Em Contrato não consta nada disso, que não somos funcionários e que é benefício social. Só mostra nossos deveres e o dever deles de fornecer a bicicleta, os livros e o pagamento. Acredito que fomos recrutados por meio de seleção simplificada, então temos o direito de receber”, defendeu.
Em relação à experiência profissional, Sandra exaltou. “Entrei no projeto porque, durante a faculdade, participei de iniciativas voltadas para a comunidade e sempre gostei dar apoio às comunidades carentes. Gostei muito do projeto desde o início, pois além de ajudar as pessoas eu iria incentivar a leitura e a meu ver essa contratação também iria me ajudar em outras seleções simplificadas. Entretanto, na verdade, foram meses que chamo de humilhação e mentiras”, concluiu.
A jovem Amanda Leicam, que também participou do projeto, disse que a iniciativa é plausível, porém, da forma como foi estruturado, deixou a desejar. “O projeto foi muito importante, porque possibilitou o compartilhamento de conhecimento e a prática da leitura, levando informação e conhecimento, mas eu fiquei muito triste com projeto”, falou descontente a bolsista.
Outra participante, que mora no município de Caruaru, Daniela Santos, também manifestou seu descontentamento. “É muito frustrante para todos nós. Participamos da inauguração oficial, pedalada no centro da cidade do Recife, tudo isso sem receber nada. No meu caso ainda é mais complicado porque estou gestante e na época da atuação fui ameaçada de sair do projeto por estar grávida. Hoje, estamos de mãos atadas, com as contas atrasadas, aluguel e até passando necessidade sem falar”, finalizou.
O LeiaJá entrou em contato com a Secretaria de Cultura para obter informações sobre a programação do pagamento e solução da pendência, mas até o momento a gestão não se pronunciou sobre o caso. De acordo com o edital da seleção simplificada, cada agente receberia R$ 350 por mês. Ao todo, foram recrutados 20 profissionais, sendo 14 para atuar no Recife e Jaboatão dos Guararapes, e seis para trabalhar no interior do Estado.
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