Down: quando a arte está por trás das diferenças
Gestos, sorrisos e olhares encantados foram os verdadeiros protagonistas dos jovens, com deficiência mental e com Síndrome de Down, que se apresentaram no Centro de Convenções de Pernambuco
Quando as diferenças reúnem toda a sutileza da arte em sua singularidade. Foi através da dança, da música e da interpretação que dezenas de jovens ‘gritaram’ a beleza de fazer arte a sua maneira. Foi a partir desse momento que entrou em cena o desabrochar de moças e rapazes que mostraram o encanto das diferenças de uma forma singular.
Gestos, sorrisos e olhares encantados foram os verdadeiros protagonistas dos jovens, com deficiência mental e com Síndrome de Down, que fazem parte do projeto Integrarte e que se apresentaram no Centro de Convenções de Pernambuco, neste sábado (25). Ao todo, 33 integrantes encantaram o público, durante espetáculo que foi dividido em três etapas, envolvendo música, dança e interpretação.
Com muita segurança, o ator Francisco Danilo Ferreira, de 29 anos, não escondia a alegria e a satisfação de participar do evento. Preparado para ser um dos personagens principais da peça, ele falou sobre a importância da arte em sua vida. “É muito legal poder estar aqui, novamente, eu fico muito grato. Para mim, teatro é cultura é minha vida”, disse.
Encantado com a música e com todo o evento, Rafael Cavalcanti, de 26 anos, revelou que nasceu para viver a arte. Quando questionado qual a linguagem que o mais encanta, ele elencou inúmeras. “Gosto muito de violão e a música como um todo e estou muito ansioso para me apresentar e receber essa energia tão boa do público”, falou.
Participando do grupo há dez anos, Priscilla Mesquita, de 26 anos, que é estudante de Educação física, contou qual é o seu maior sonho: “Gosto de tocar, de interpretar, mas meu sonho é ser atriz. Estar aqui no palco me faz muito feliz e quero muito viver cada vez mais isso”, disse a jovem que também pratica aulas de alongamento e Zumba.
Um dos idealizadores do projeto, que também é o diretor artístico da peça, Vicente Monteiro, explicou que o Intergrarte surgiu a partir do desejo de ajudar um amigo que tinha um filho com Síndrome de Down. “Há 20 anos fui buscar ajuda para um amigo, que tinha um filho com Síndrome de Down, e conheci duas mães que procuravam alguém para colocar os filhos, que eram apaixonados por arte, em algum curso de teatro. Foi a partir daí que comecei”, contou.
Segundo o ator e professor dos jovens, no início não foi fácil, mas tudo mudou quando ele começou a perceber que as diferenças estão em todos os lugares. “Se formos pensar, eu sou diferente de você e eles também são diferentes. Cada um, do seu jeito, mostra sua arte com uma peculiaridade única. Confesso que não foi fácil, mas quando percebi isso, tudo ficou diferente. É simplesmente um prazer poder trabalhar as habilidades de cada um e a autoestima deles”, revelou Vicente.
Uma das fundadoras da iniciativa, Laíse Rezende, de 76 anos, relatou que tudo começou com o desejo do filho de subir aos palcos. “Ele sempre ficava encantado ao assistir as apresentações. Foi quando ele me pediu para poder estar nos palcos, sair da plateia e protagonizar a arte e sua maneira”, contou. Confira um parte da apresentação e o depoimento de alguns dos atores.
Atualmente, o grupo não conta com nenhum incentivo público ou privado. As oficinas de música, percussão e teatro são realizadas no Clube Internacional, que cedeu o espaço até a organização conseguir algum tipo de recurso financeiro. Para manter a estrutura, o grupo possui 15 pessoas trabalhando.