Silencioso, Mirabilândia cessa atividades e espera Estado
Direção do parque espera permanecer no terreno para manter entretenimento e obter recursos para o novo Mirabilandia em Paulista
Uma despedida silenciosa e com esperança de ainda permanecer no local. É assim que a franquia Mirabilandia Park, após 14 anos de permanência no terreno do Centro de Convenções de Pernambuco - Campo Grande, cessa as atividades, neste sábado (30) e ainda não sabe quando vai retomar. A direção do equipamento ainda está com a expectativa de permanecer no espaço até o novo terreno ter condições de receber as obras e os brinquedos. Atualmente, o local recebe 400 mil visitantes de Pernambuco e de outras localidades.
O impasse começou em 2011, com a negativa da Empresa Pernambucana de Turismo - Governador Eduardo Campos (Empetur), braço do Governo do Estado, de renovar a locação do terreno. Desde então, várias negociações foram feitas, com prazos de permanência alterados. Porém, a decisão feita na justiça e acordada foi que o parque encerraria as atividades e que, em 31 de março, deixaria o terreno.
Na prática, esse prazo seria inviável. De acordo com o gerente de marketing, Fernando Veras, não há tempo hábil para desmontar todos os brinquedos nesse período. “Tecnicamente, 30 dias é simplesmente impossível de fazer a mudança. Até porque existem brinquedos que demoram meses para serem desmontados. Além disso, é necessário trazer profissionais especializados da Holanda e da Itália, por exemplo”, explicou.
Ele ainda ressaltou que a importância de permanecer no atual endereço é de viabilizar capital para o nono empreendimento. “Para construir o novo parque e colocar ele para funcionar será necessário investir, aproximadamente, R$ 50 milhões. Caso tenhamos que cumprir esse prazo será praticamente impossível manter o atual e ainda construir o novo. É complicado financeiramente. Precisamos ter recursos e tempo para isso, porque demoraria dois anos em média para inaugurar”, completou.
O novo projeto prevê o parque instalado na Mata do Ronca, no município de Paulista - Região Metropolitana do Recife. Segundo Fernando Veras, o Mirabilandia ocupará 27% de todo o terreno da Mata, o que equivale a 250 mil metros quadrados - 25 vezes maior que a área atual do parque de diversões.
Segundo Veras, estão previstas várias novas atrações para os visitantes. “Vamos ter arborismo e o parque será instalado de forma sustentável, ou seja, de maneira que não prejudique o meio ambiente. Além disso, terá também espaços nomeados com as principais cidades do Estado, como Recife e Olinda, inclusive apresentaremos um novo brinquedo chamado ‘Frevo’, que possui formato de uma sombrinha”, adiantou.
Despedida
Crianças, jovens e adultos tomam conta do Mirabilandia para aproveitar os últimos dias de diversão. O turista Rômulo França, da Paraíba, trouxe a família para curtir os últimos minutos das férias. “Todos os anos viajo para Recife e trago os meus três filhos. É uma das atividades já programadas, realmente, é lamentável saber que o parque pode fechar e demorar anos para voltar a funcionar”, lamentou.
Já Inês Peruzo, 58 anos, do Paraná, queria aproveitar o tempo que ainda resta para experimentar as atrações mais radicais. “Nunca fui e confesso que estou nervosa, mas vou aproveitar a oportunidade”, disse. Ela foi acompanhada da amiga Marinete Duarte, que levou a filha Maria Júlia, 8, para brincar. “Todo ano venho com minha filha. Aqui é muito bom porque tem diversão para toda a família”, afirmou.
Abaixo assinado
Após as últimas informações publicadas pelo LeiaJá sobre o destino do parque, dois jovens iniciaram uma campanha nas redes sociais com a hashtag #FicaMirabilandia, com a intenção de mobilizar as pessoas para assinar um documento em prol da permanência do parque no local. Rômulo Soares, de 18 anos, e Dayson Silva, de 14 elaboraram o abaixo assinado na última terça-feira (27).
Soares explicou os planos. “Pretendemos reunir mais de 500 assinaturas para protocolar no cartório, apresentar no tribunal de justiça e tentar, de alguma forma, ajudar o Mirabilândia no processo. É lamentável a possibilidade de não ter mais o espaço para brincar”, concluiu.
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