Os concursos de beleza estão se expandindo e ganhando novas versões. No Brasil, o pontapé inicial foi dado em 1954, com a criação do Miss Brasil. De lá para cá, o culto à beleza tem se intensificado e abriu espaço para outras seletivas que não só elegem a ‘referência’ de beleza feminina, mas já chega ao universo masculino e infantil.

Um destes concursos é o Mister Mundo Brasil, uma competição que elege o homem mais bonito do Brasil entre os Estados da Federação e ilhas. O vencedor da disputa nacional concorre ao título mundial, que só foi conquistado por um brasileiro até o momento: Gustavo Gianetti, eleito Mister Mundo 2003.

Na edição do Mister Mundo Brasil, o olindense Gledson Ricca terá a missão de representar Pernambuco. Sem muita experiência no mundo da moda, aos 30 anos e com um corpo definido, o professor de educação física está engajado em trazer o título para o Estado. Acostumado com fotografias, mas sem tanta experiência em passarelas, o moreno pretende levar a pernambucanidade ao concurso. “Quero levar para o Mister Brasil o que o nosso Estado tem de melhor, deixando transparecer a receptividade do nosso povo, a nossa cultura. Carrego o amor por Pernambuco tatuado no peito e representá-lo é tudo o que eu sempre quis em relação a um concurso de beleza”, revela.

Mas a beleza não é a única coisa que está em jogo no Mister Mundo. A seletiva é composta de provas de atividade física e conhecimento, além de uma das etapas mais importantes: Beleza com Propósito. A iniciativa visa avaliar ações voluntárias desempenhadas pelos participantes.

No ano passado, Gledson Ricca foi convidado a representar o Estado da Paraíba no concurso. Sua participação repentina o fez perder alguns pontos na etapa do Beleza com Propósito. Com um pouco mais de tempo, o pernambucano conseguiu amadurecer a ideia e levou para as escolas públicas um projeto que associa os esportes ao desempenho escolar. “É uma ação que desenvolvemos em Caixa d’Água, com crianças carentes, cuja ideia é realizar miniolimpíadas. Mas, para participar das competições, as crianças precisam tirar boas notas na escola. A maioria da garotada gosta de esportes, então nada melhor para incentivar a educação”, conta o Mister Pernambuco.

Desafios 

Por ser graduado em educação física e estar acostumado com atividades que exigem empenho e força, o Mister Pernambuco pode ter uma pequena vantagem nas competições individuais nessa área. No entanto, para chegar a esta etapa é necessário vencer as seletivas em grupo. “Em relação à prova de jogos, por eu ser da área de educação física, talvez esteja mais preparado, mas só por isso. O resto é tudo igual”, avalia.

Apesar de estar em dia com a academia, Gledson tem uma meta. O personal quer perder 11kg até a data do concurso, que será realizado entre os dias 23 e 27 de junho, em Florianópolis–SC. O mister já conseguiu diminuir 6kg e está batalhando para atingir o seu objetivo, aliando a alimentação aos exercícios. “A pedra no sapato vai ser eu não conseguir chegar ao peso que eu quero, me sentindo bem. Pretendo estar entre os Top 5, e para isso preciso chegar ao meu peso ideal. Na edição anterior fiquei conhecido como o grandão do concurso, por estar um pouco além dos padrões tradicionais”, comenta.

Ganhar um título de beleza abre portas, mas também pode trazer preconceito. De acordo com Gledson Ricca, as pessoas acabam julgando os detentores das faixas pela aparência, tachando-os como fúteis e com baixo intelecto. No entanto, não se sabe o quão desafiador e estimulante foi o concurso. Não apenas em caráter de beleza, mas, principalmente, do lado humanístico.  “Quando a gente ganha um título como esse as portas se abrem. No meu caso surgiram oportunidades na área de educação física e eventos. Mas trabalhar como miss e mister é muito banalizado, principalmente no Nordeste. Quem vê de fora não sabe como a pessoa chegou lá e muito menos tem noção do trabalho que a gente desenvolve em prol do bem estar social”.

Segundo o mister, Conciliar a vida pessoal  e atividade profissional com a preparação para o concurso é uma das tarefas mais difíceis de se concorrer ao título. Ele ressaltou que precisaria que o dia tivesse mais horas para comportar tudo aquilo que planejou fazer. A agenda apertada tem que ceder espaço para os cuidados com a beleza, que tiveram que ser inseridos na rotina do personal. “A gente passa a ter um cuidado muito maior com a beleza. Agora, praticamente, toda semana eu estou no salão. Mas essa rotina é necessária para quem almeja vencer o concurso. Ano passado fui surpreendido com uma prova de pele, que contou com a avaliação de uma dermatologista. Não quero que isso aconteça novamente”, afirma Gledson, ressaltando que os alunos compreendem o seu tempo apertado neste período e se dispõem a alterar o horário dos treinos quando necessário. 

Apesar de lançado em 1996, o Mister Mundo Brasil está na sua décima segunda edição. Gledson foi aclamado Mister Pernambuco no mês de maio e irá disputar a seletiva nacional no mês de junho, ao lado de 41 candidatos. Além da avaliação dos jurados, os postulantes ao título serão avaliados pelo público. Um dos concorrentes vai conquistar uma vaga na fase final do concurso, com a ajuda dos internautas. Gledson pretende mobilizar os amigos e se engajar numa campanha para ser projetado para a semifinal. “A votação online é bem concorrida, mas espero poder contar com a ajuda de todos para trazer o título para o nosso estado. Quero trazer para o Nordeste a primeira faixa verde e amarela”, concluiu o Mister Pernambuco.