‘Confissões de adolescente’ sobrevive à nova geração
Filme dirigido por Daniel Filho chega aos cinemas nesta sexta (10)
Uma versão em longa-metragem do seriado Malhação. Assim se pode definir o filme Confissões de Adolescente, de Daniel Filho. A produção é baseada nos diários da atriz Maria Mariana, que deu origem à série de mesmo nome, exibida no início dos anos 1990 na TV Cultura. O que Daniel traz de inovador para a obra cinematográfica é a utilização das redes sociais, ferramentas que servem como guias para os personagens, além de servir como confessionário para muitos adolescentes.
A trama apresenta a vida das irmãs Tina, Bianca, Alice e Karina, que estão passando por um momento financeiro delicado e precisam mudar do local onde moram. Além das irmãs, o filme retrata a vida de outros personagens, que acabam se conectando com elas. Para contar a vida de Cristina (Sophia Abrahão), Daniel utiliza flashbacks que chegam a confundir. Enquanto sua adolescência é reconstruída, a personagem, já chegando à fase adulta, fica confusa em relação ao futuro.
As histórias paralelas terminam culminando em uma abordagem com alguns diálogos rápidos, que poderiam ser mais trabalhados. Talvez, por ter o tempo reduzido no cinema, a história fica “corrida”. Uma forma de homenagear a série e, que funcionou bem, foi a participação das atrizes que protagonizaram a série nos anos 1990, entre elas Deborah Secco. Confissões é um típico filme adolescente, que trata de questões e tabus dessa geração, com direito a uma trilha sonora voltada a esse público.
A música irônica de Clarice Falcão surge para contextualizar os momentos apaixonantes do longa e o Malha Funk representa bem a balada adolescente de alguns anos atrás. Daniel Filho, na direção, apresenta mais do mesmo em Confissões. O diretor da franquia Se eu fosse você mostra que sabe fazer um filme com qualidade, mesmo com as ações precipitadas dos personagens.
Outra marca da trama é a ideia de fazer piada com a história da saga Crepúsculo. Podem até ser engraçadas de início, mas “bater na mesma tecla” deixa a piada sem graça, com uma tentativa forçada de arrancar risadas. Adolescentes, adultos e até idosos podem se identificar com Confissões de Adolescente e até perceber que já passaram ou viram de perto algumas das histórias contadas no filme.
Confissões de adolescente acerta quando o objetivo é o entretenimento. O filme não é melhor que a série da TV Cultura, mas, é um longa que tem tudo para fazer sucesso, assim como foi com o seriado, com a peça e o próprio diário de Maria Mariana, que virou livro.