ArtRio registrou vendas expressivas
O dólar mais alto - R$ 2,28, contra R$ 2 no mesmo período do ano passado - aparentemente não atrapalhou, como se temia, o desempenho da ArtRio, feira de arte encerrada domingo, 8. "Para esse nível de comprador, a cotação não é um problema", avaliou Jordi Mayoral, de Barcelona, dono da galeria que leva seu nome. Ele veio pela primeira vez à feira, vendeu, entre outras obras, três Mirós, e volta para casa encantado com a alta temperatura do mercado brasileiro, seja para o nível de comprador classe A, a que se refere, seja para o colecionador iniciante e menos abastado.
"O Brasil é um país emergente, com gente que está começando suas coleções, que tem sensibilidade e aprecia a singularidade do que trazemos de Barcelona. A arte aqui está em fase de descoberta e o novo sempre traz paixão, emoção, não é como o cenário na Europa", acredita o espanhol, que, como a maior parte de seus pares, se recusa a informar valores.
Por conta desse sigilo (quebrado por uma ou outra galeria apenas, entre as 106 presentes), não é possível fazer um balanço oficial dos milhões movimentados pela ArtRio. Em 2011 e 2012, as duas primeiras edições, o resultado foi de mais de R$ 100 milhões. Pelo ânimo dos galeristas no domingo, as cifras se superaram, conforme previa a organização.
A nova-iorquina Pace, comentava-se nos corredores do Píer Mauá, vendeu uma escultura de Alexander Calder por US$ 8 milhões. Já a londrina White Cube, duas telas de Damien Hirst, uma de US$ 900 mil e outro de US$ 800 mil.
Os olhares se voltaram tanto para a produção mais recente dos artistas quanto para obras históricas de artistas estabelecidos, como a série de Cildo Meireles Inserções em Circuitos Ideológicos, de 1970: a Athena vendeu duas peças, uma a R$ 100 mil e outra a R$ 200 mil (o icônico trio de garrafas retornáveis de Coca-cola). A colagem Batom, de Beatriz Milhazes, saiu por R$ 1 milhão.
Na Athena Contemporânea, uma obra do grafiteiro Zezão foi comprada por R$ 35 mil. Na portuguesa Mário Sequeira, um óleo de 2009 do britânico Jason Martin foi levado por R$ 365 mil. O proprietário da galeria se sentiu prejudicado pela alta do dólar. "Este ano a diferença na venda estava no posicionamento dos compradores. No ano passado a ação de compra era imediata: gostou, levou. Este ano, no entanto, os compradores refletiram mais, por causa da alta das moedas estrangeiras", diz Siqueira.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.