Um Tom Zé como ninguém viu

Cantor e compositor se apresentou na noite desta sexta (6)

por Tarcísio Acioli sex, 06/09/2013 - 21:12

"Finalmente estou novamente no Recife", com essa frase Tom Zé iniciou seu pocket show realizado no teatro da Caixa Cultural do Recife na noite desta sexta (6). Com apenas dez minutos de atraso, o músico subiu ao palco e esbanjou energia e simpatia ao longo de sua apresentação. A descontração marcou todo o show, que começou com a canção A Carta, definida pelo artista como uma faixa que possui "Uma letra inocente, mas uma performance carnal".

Acompanhado dos músicas Jarbas Marinho e Daniel Maia, Tom Zé entoou diversas gravações que estão presentes no livro BookSong, compêndio de autoria do cantor com Emerson Leal - a quem ele rasgou elogios e brincou: "Ninguém dava um tostão por ele". Ao todo foram trinta faixas escolhidas a dedo pela dupla para representar quarenta anos de carreira do artista, destacando sua produção entre os anos 1968 e 2008. 

Durante todo o espetáculo, ele comentou as faixas e fez piadas com o público. "Aqui é ótimo por que tem apenas cem pessoas. Dá para fazer todos os gestos então vocês que estão aqui vão saber todos os gestos, os outros não! Serão cem pessoas que vão saber tudo e o resto do público abobalhado", falou ele deixando a plateia as risadas.

No figurino, um rabo coral chamava atenção. Ao explicar o motivo do acessório inusitado, ele fez reverências aos principais nomes do movimento tropicalista. "Ele representa Caetano e Gil. Pois no Egito Antigo os faraós representavam os deuses, mas ao se dirigirem para eles (os deuses) usavam um rabo, para mostrar que eram uma espécie inferior. Por isso uso o rabo, para homenagear os dois", revela.

As homenagens também foram feitas ao público, a quem ele disse dispensar muita preocupação. Pensando na parcela que se encontrava no balcão, Tom cantou a faixa Feira de Santana em cima da cadeira. "Quero proporcionar a vocês um conforto, senão segunda todos vão estar em consultórios médicos com dor no pescoço", falou.

E foi assim, recheado de interações com o público que o cantor e compositor realizou a apresentação que marcava o lançamento do livro BookSong. Título explicado pelo próprio: "Songbook já estava registrado e me perguntaram o que faríamos, então eu sugeri BookSong e ficou tudo resolvido".

Público renovado

Tom Zé iniciou sua carreira ainda na década de 1960, desde então ele passou por momentos de auge e “ostracismo, por quase vinte anos” – segundo suas palavras.  O primeiro disco saiu pela extinta gravadora Rozemblit e foi intitulado como Grande Liquidação. Ao todo foram vinte e três discos lançados.

Mas o que se via na Caixa Cultural era um público bastante jovem e ansioso para conferir a apresentação do músico.  Jovens como os amigos Leonardo Siqueira, Juany Nunes e Lucas Cavalcanti, com 26, 22 e 20 anos de idade respectivamente. O primeiro teve contato com a obra do baiano de Irará através de uma tia, já a segunda o conheceu graças a pesquisas sobre a música brasileira.

“A representatividade de Tom Zé para a música brasileira e o desligamento dele das obras mais comerciais e a identidade construída por ele ao longo da carreira é o que mais me chama atenção”, afirmou Juany.  Já para Lucas, “A renovação constante e o trabalho de pesquisa dele para cada lançamento é algo incrível”.

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