Segundo dia da Fashion Rio celebra marca de biquíni
Considerada a primeira marca de biquíni do Brasil, criadora de ícones das praias cariocas exportados para o Brasil e o mundo, como a calcinha de lacinho, os modelos jeans e as estampas tropicais, a Blue Man virou uma quarentona enxuta. O desfile de aniversário abriu o Fashion Rio nesta terça-feira e homenageou modelos marcantes de cada década: a pioneira garota-propaganda Rose di Primo, Monique Evans, musa dos anos 80, e Paulo Zulu, sensação masculina dos anos 90, cujos rostos foram impressos em peças como saídas de praia e camisetas. O fundador da marca, David Azulay, que morreu há três anos, se fez presente através do vozeirão, gravado: seu slogan, "Faz bonito na praia", fechou a festa.
Quem abriu a passarela foi Ana Claudia Michels, 30 anos de vida e 15 de Blue Man. "Fiz para a Blue Man um dos primeiros desfiles da minha carreira. David era o máximo, queria que as coleções tivessem a cara do Rio. Vestida por ele, eu sempre me senti linda". Dessa vez como espectadora, na primeira fila, Mariana Weickert, uma década de desfiles pela grife, vibrou ao ver seu rosto em um maiô, com o de outras modelos, e se arrepiou com a "presença" de David. "Lembro muito dessa voz, o jeito carioca gostoso de falar".
Foram vistos maiôs resgatados de outros verões, como o asa delta, bem cavado no decote e atrás, modelos jeans variados (em sungas, biquínis, maiôs), muitas estampas tropicais (frutas, cenas de praia) e do fundo do mar, neon e desenhos abstratos que remetiam aos anos 70. O toque moderno foi dado pela estamparia digital. Tudo bem colorido, usável e sexy.
Emoção mais forte ficou reservada à família Azulay, representada por Sharon, filha de David, que nasceu quando a Blue Man já tinha 20 anos, e Thomas, filho do irmão dele, Simon, dono da Yes, Brasil, na qual os biquínis começaram a ser vendidos, em 1972. Há um ano os dois jovens são a cara da Blue Man. Eles subiram à passarela com lágrimas nos olhos e chamaram para partilhar dela estilistas que eram amigos de David, como Lenny Niemeyer, da grife Lenny, e Jacqueline di Biase, da Salinas.
"Blue Man é pé na areia, não queremos sair do nosso foco. Fazemos biquíni de verdade, que todo mundo quer usar. Não tem como inventar muito e a pessoa parecer ridícula na praia. A inovação fica na lycra, nos bojos, nas estampas", contava Sharon pouco antes do desfile. "Peguei tudo do meu pai por osmose, ele respirava isso. Queria fazer psicologia, mas ele morreu e todo mundo me perguntava: 'E a Blue Man?'".
A segunda grife a desfilar nesta terça-feira foi a estreante Oh Boy. A marca viajou ao Japão e adaptou o estilo das garotas ligadas em moda de Tóquio para o Rio. Metalizados, estampas de cerejeira, brincos grandes, tudo bem menininha, como a garota Oh Boy Isabelle Drummond, a "empreguete" Cida da novela das 7 da Rede Globo, sentada na primeira fila. Ainda desfilaria nesta terça-feira outra estreante, a Sacada, além da New Order, Patachou e Alessa. O Fashion Rio é um evento fechado para convidados e vai até sábado.