Cremação: da cerimônia às cinzas humanas

Serviço chega a ser mais barato do que um enterro tradicional. Público ainda tem dúvidas sobre como funciona o crematório

por Nathan Santos qua, 02/04/2014 - 15:22

A morte é única certeza de muitos seres humanos. É também um momento de despedida e para alguns de difícil aceitação. Além de todo o contexto sentimental, a “hora da partida” é a forma com que empresas ganham dinheiro, negócios são fechados e tecnologias são desenvolvidas. Uma delas, a cremação, desperta bastante curiosidade. É caro? Quem pode ser cremado? Tem mau cheiro? E, por incrível que pareça, tem gente que indaga: será que dói?

A cremação é realizada desde a Pré-História, quando os corpos eram queimados para evitar a aproximação de bichos. Na contemporaneidade, além de representar fortalecimento do status social para algumas pessoas, o procedimento pode ser a solução para os cemitérios lotados e para a falta de higiene. “A cremação é uma forma de agilizar o processo de decomposição do corpo humano”, explica o gerente regional do Cemitério Morada da Paz, Guilherme Lithg (foto à esquerda).

De acordo com Lithg, o público que opta pela cremação é formado por pessoas da classe A. “Geralmente são pessoas de um nível intelectual avançado e formadores de opinião”, comenta. No Morada da Paz, o serviço custa R$ 4,4 mil. Além desse valor, há os preços de velório, caixão – que varia de R$ 3 a R$ 30 mil -, entre outros serviços. Segundo o gerente, o custo pode até sair mais barato em relação aos enterros tradicionais. “As pessoas precisam entender que antes da cremação pode ocorrer o velório. A única diferença é que o ente querido não vai ser enterrado”, destaca Lithg.

As pétalas caindo sobre o caixão, o neon de cor azul, o gelo seco e a canção leve aos ouvidos fazem da cremação um momento que meche com o sentimento das pessoas. Responsável por conduzir as cerimônias, Ana Patrícia Pereira procura entender ao máximo como as famílias estão se sentindo. “Estou aqui para dar todo o suporte à família e aos amigos, que passam por um momento tão delicado. Eu procuro me colocar no lugar deles. É como se fossem meu pai e minha mãe que estão ali”, relata a cerimonialista.

Depois de toda a cerimônia, o caixão e o corpo são levados para o forno onde é feita a cremação– o investimento no maquinário é de mais de um milhão de dólares -. Em uma temperatura superior a mil graus, o processo é concluído depois de cerca de seis horas e as cinzas humanas são entregues aos familiares em 24 horas. “Nós retiramos o vidro e os plásticos do caixão para que não aconteçam acidentes. Não tem poluição e nem mau cheiro, porque todos os gases são queimados”, explica o funcionário Pedro Luis da Silva.

O destino às cinzas pode ser dado de várias formas. O material pode ser depositado em urnas, que têm preços de R$ 250 a R$ 3 mil. As cinzas também podem ser introduzidas em árvores – geralmente Pau Brasil – que ficam em terrenos com tamanho de um metro, ao valor de R$ 1,5 mil. Segundo a gerência do Morada da Paz, mensalmente, são realizadas em média 120 cremações, em que dessas, 40 são de clientes imediatos e 80 de pessoas que optaram por um plano pago ainda em vida. A projeção é que a busca pelo serviço aumente em 90% nos próximos anos.

Ainda de acordo com Guilherme Lithg, apenas podem ser cremadas pessoas que tiveram morte natural, desde que tenham documentado em vida o desejo. Se não houver documento, a autorização pode ser dada por testemunhas. Assassinados, vítimas de acidentes ou quedas, por exemplo, não devem ser cremados, uma vez que podem acontecer exumações.  

 

 

 

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