Decreto adia implementação do acordo ortográfico
Decreto da presidente Dilma Rousseff, publicado nesta sexta-feira no Diário Oficial da União, adiou para 31 de dezembro de 2015 a implementação definitiva do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Assinado em 2008 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o acordo, alvo de divergências tanto no Brasil como nos demais países que falam português, deveria entrar em vigor na próxima terça-feira. A opção pelo adiamento foi antecipada pelo jornal O Estado de S. Paulo na edição de 29 de novembro passado.
O período de transição foi ampliado de três para seis anos, segundo explicações do governo, para que o País se prepare melhor para as novas regras. Entre as mudanças, o acordo suprime o trema - agora só válido para nomes estrangeiros -, retira o acento agudo de ditongos como "ei", altera as regras do hífen e inclui as letras "k", "w" e "y" no alfabeto. O Ministério da Educação, que já mandou imprimir a maior parte do material didático, informou que vai adotar a nova ortografia já em 2013 para estimular o aprendizado.
A necessidade de mudança no calendário de implementação do acordo ficou evidente em novembro, numa reunião entre representantes do Ministério das Relações Exteriores, Cultura, Educação e Casa Civil. Na véspera, uma comissão parlamentar, integrada pelos senadores Lídice da Mata (PSB-BA) e Cyro Miranda (PSDB-GO) levou à ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) ponderações sobre os riscos de uma aplicação precipitada das novas regras para a vida de professores, estudantes, escritores e o mercado editorial.
Participou do encontro o professor Ernani Pimentel, idealizador do movimento Acordar Melhor, que encontrou algumas inconsistências nas novas regras e defende a simplificação ortográfica. Manifesto encabeçado por ele, que defende "uma ortografia brasileira com base racional, objetiva e sem exceções", já recebeu mais de 20 mil assinaturas. Para o professor, autoridades brasileiras estão percebendo que há necessidade de fazer ajustes nos termos do acordo, mas essa hipótese não é confirmada no governo federal e no MEC.