Executivos estão em busca de remuneração segura
O estudo revela que muitos profissionais estão insatisfeitos com os pacotes de remuneração
A pesquisa “Making executive pay work: the psychology of incentives”, realizada pela PwC em parceria com a London School Of Economics and Political Science (LSE), indica que a maioria dos executivos é avessa ao risco em seus planos de remuneração, prefere os incentivos de curto prazo e rejeita planos muito complexos. O estudo, feito a partir de entrevistas com 1.106 executivos de 43 países, sendo 56 do Brasil, também mostra que os profissionais da América Latina são aqueles que aceitam os pacotes mais arriscados.
Uma parte significativa de profissionais brasileiros, que representam 35% da categoria, no país, se revelou interessada em trocar um salário fixo por um bônus variável, porém mais significativo. Mas essa disposição fica restrita a situações em que a soma é bem elevada e é oferecida como um rendimento extra, não como salário. Em contrapartida, os britânicos e os australianos estão no topo dos que preferem modelos mais conservadores.
Para o sócio da PwC João Lins, a descoberta coloca um ponto de interrogação sobre a eficácia dos incentivos de longo prazo, como os bônus diferidos ou os planos baseados em ações. Apesar de defendidos pelos acionistas, reguladores e órgãos de governança corporativa como uma poderosa forma de influenciar o comportamento dos executivos, alguns tipos de incentivo não são tão valorizados por quem os recebe. Os profissionais tendem a utilizar uma taxa de desconto muito superior a de mercado na hora de calcular o valor presente do incentivo de longo prazo. “É difícil ver como uma remuneração que tem baixo valor na percepção dos executivos possa ter uma influência significativa na postura desses profissionais”, comenta. “Por isso, espera-se que a pressão por aumentos efetivos nos salários seja cada vez maior”, completa.
O levantamento apontou que os benefícios de longo prazo tornaram-se tão complexos e voláteis que já não motivam os profissionais. Aproximadamente dois terços dos executivos ouvidos pelo estudo afirmaram valorizar uma participação nos lucros das companhias das quais eles fazem parte, mas menos da metade considera efetiva a maneira como o incentivo é oferecido – os países onde se verificou a melhor avaliação desse tipo de bonificação foram exatamente aqueles onde o bônus possui um formato mais simples.
Também foi mencionado no estudo que a maioria dos profissionais aceitaria ganhar menos em termos absolutos desde que a quantia fosse maior que a recebida por seus pares. Somente um quarto dos entrevistados optaria por uma remuneração maior em termos absolutos, mas inferior aos profissionais na mesma posição.
A parte financeira no entanto não é apenas o que os executivos buscam. Os participantes do estudo garantiram que estariam dispostos a abrir mão, em média, de até 28% de seus rendimentos para terem o emprego dos sonhos, que nem sempre paga tão bem, mas oferece a realização profissional à classe. Nesse quesito entre todo o mundo foi indicado que o menor corte aceito, de 27%, foi o proposto pelos executivos indianos (24%), enquanto o maior, com valor de 35%, partiu dos norte-americanos.